domingo, 24 de janeiro de 2010

História de uma adolescente de 15 anos.

Dia 06 de setembro essa adolescente se casa, logo engravidou de um menino lindo. Aos 16 anos, se separa, o menino com um ano de vida.

Situação difícil...precisei trabalhar para o sustento da família, tinha um irmão com a mesma idade de meu filho, diferença de 3 meses, meu irmão era mais novo.
Todo dinheiro que conseguia era pra casa, minha mãe estava encostada na caixa com problemas mentais, e meu pai desempregado.
Muitas vezes só tinha mioojo e dois ovos para eles comerem, meu filho tomava chá na mamadeira, eu não podia comprar leite, meu irmão ainda mamava no peito de mamãe.

Quantas vezes essa adolescente chegou em casa com fome não tinha nada pra comer, depois de um dia inteiro de trabalho?!

Um certo dia cheguei em casa com tanta fome, fui pegar o prato para colocar comida e minha mãe disse “Não há nada para comer”, só tinha um pacote de mioojo e dois ovos para os meninos.
Tomei água e fui dormir. No dia seguinte peguei um vale com meu patrão, para comprar arroz, feijão e ovo, se sobrasse compraria mioojo. Meu pai... Que pai, ele jogava na minha cara até um canto da sala em que eu dormia com minha irmã mais nova que eu 5 anos.
Era uma casa simples e pequena.
Tinha um quarto de casal bem pequeno e uma sala minúscula, cozinha pequena e um banheiro, tudo muito simples, sem moveis, e os que tinham eram todos quebrados.
Eu dizia “Um dia comprarei um carro e vou ter uma casa!”
As pessoas riam de mim.

Meu filho, e meu irmão? O que faço?
Sofri muito...

Minha mãe coitada, as vezes eu saia sem tomar café da manhã, e ela me levava um pão no trabalho, mas a noite não tinha comida.
Nós ficávamos sem comer para alimentar as crianças.
Era datilografa em uma imobiliária, uma pequena imobiliária do bairro.
Depois mudei de profissão, vi um anuncio no jornal de um senhor de idade que precisava de uma pessoa para administrar a casa.
Ele era um italiano muito bondoso. Contei minha situação pra ele, que me adiantou algum dinheiro, comprei algumas coisas pra casa, para comer e entreguei pra minha mãe.
Voltei pra casa dele, tinha que dormir na casa dele, por que ele já era de idade. Ele precisou voltar para Itália, mas não me deixou na mão, me deu dinheiro para tirar meus primeiros documentos, e alimentação.
Fui embora sem rumo, pois ele era como um pai.
Fui até o Largo 13 de maio, em Santo Amaro com mamãe tirar os documentos. Ai, apareceu um senhor entregando panfletos de uma ótica, ele nós convidou para ir na lá, ver os óculos para minha mãe, só que eu não queria, pois a pequena quantia que eu possuía não daria pra comprar os óculos dela.
Ele insistiu muito, disse que o exame era gratuito, então nós fomos.
O proprietário encaminhou mamãe para o médico.

Eu fiquei conversando com o proprietário.

- Em que você trabalha?
- Estou a procura de emprego, meu antigo patrão foi para Itália, só que meus documentos só ficaram prontos daqui 45 dias.
- Você aceitaria trabalhar comigo? Tenho uma rede de óticas e estou precisando de funcionários como você, bonita, inteligente.
- Mas, eu nem ao menos tenho experiência.
- Não seja por isso, te darei todos os treinamentos necessários.
- Eu aceito!

Desde aquele dia, minha vida mudou, eu ganhava muito bem e tinha um ótimo patrão.
Com um mês me tornei gerente. Levei meu pai para trabalhar de plaqueiro, e minha irmã de office-boy, ela levava os óculos pros laboratórios.
Estava tudo bem, não faltava comida na mesa, comprei uma bicicleta pro meu filho, fiz a festa de aniversário dele. Tudo graças a Deus correu tudo bem.
Eu era uma adolescente bonita, mais muito tímida.
Aprendi a fazer transposições de lentes de qualquer receituário.

Um dia meu patrão disse “ Por que não alugaria um ponto e montava uma ótica pra mim, eu era inteligente e competente, eu não precisava ser empregada de ninguém”, essas foram as palavras dele.
Eu fazia todo serviço e era vendedora, uma das melhores inclusive, fazia os bancos e tudo mais. Ele tinha plena confiança em mim, eu era seu braço direito.

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